Diocese Anglicana do Recife
Comissão Diocesana de Direitos Humanos
Recife-Pe 30 de maio de 2021
Carta Aberta da Diocese Anglicana do Recife-DAR em Repúdio à Repressão da Manifestação Popular ocorrida no dia 29 de maio no Recife-Pe.
Ai da cidade sanguinária, repleta de fraudes e cheia de roubos, sempre fazendo as suas vítimas! (Na 3.1, NVI).
A Diocese Anglicana do Recife, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, diante do compromisso profético de denunciar a opressão do Estado sobre o povo, principalmente as pessoas mais vulneráveis; cumprindo as marcas da sua missão, que procura a transformação das estruturas injustas da sociedade, desafia toda espécie de violência e busca a paz e a reconciliação, vem a público manifestar sua contrariedade e indignação em relação ao modo violento como alguns policiais militares do Estado de Pernambuco atuaram para impedir as manifestações populares e democráticas ocorridas no dia 29 de maio, no Recife.
Compreendemos que a luta por vacina, pelo auxílio emergencial de 600,00, pela defesa do Sistema Único de Saúde – SUS, pela destituição de maus gestores, por investimentos em ciência e educação, e a morte de mais de 460.000 vidas são motivos, mais do que justos, para mobilização social. Diante disto, causa-nos espécie ver o uso da força das balas de borracha, bombas de efeito moral e gás de pimenta em lugar de argumentos e diálogo, e o consequente cenário de pessoas feridas e revoltadas. Solidarizamo-nos, com todas as pessoas que se sentiram oprimidas em seu direito de protestar.
Destacamos que o modo covarde e agressivo com que policiais da PM-Pe trataram a senhora Liana Cirne, vereadora e professora da Faculdade de Direito do Recife, lançando spray de pimenta em seus olhos, constituiu-se violação ao Estado Democrático de Direito e uma reprodução institucionalizada das violências praticadas contra mulheres, todos os dias, nas esferas públicas e privadas de nossa sociedade. Confiamos que as responsabilidades serão apuradas pelas autoridades constituídas.
Diante das consequências da pandemia do Covid-19 no Brasil: do abundante negacionismo; que só favorece a proliferação do vírus; da omissão de agentes públicos que tentam explorar politicamente a mais grave crise de saúde de nossa história; e à luz do texto Bíblico: “Vocês estão transformando o direito em amargura e atirando a justiça ao chão… impedem que se faça justiça aos pobres nos tribunais” (Am 5.7, 12); afirmamos, enquanto Igreja, o nosso compromisso com a luta por justiça e equidade, expressões do caráter de Cristo em nosso tempo, na busca da solução pacífica de conflitos.
Diocese Anglicana do Recife,
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Comissão de Direitos Humanos DAR